quinta-feira, junho 16, 2011

Na caixa-preta da alma, uma fita antiga, mas audível.


Tenho 18 anos... Na verdade...
Tenho 18 anos de carcaça.
Mas a minha consciência tem mais de dois milhões de anos.
Dizem que a solidão enlouquece...
Dizem que a solidão enlouquece, mas a sua sanidade, na verdade, só vai estar em jogo a partir do momento que você não é mais sozinho.
A minha vida eu sinto sabe... Não sinto nem como se ela fosse... Mas...
É como se eu vivesse uma promessa de dedos cruzados... Parece que está acontecendo, mas nunca acontece. Acho que a solidão não passa de uma sobreposição de todas as suas camadas em um único momento, todas as suas agonias, todas as suas verdades, todas as suas vontades, elas se encaixam em um único espaço do tempo. E então você enxerga que desde que você nasceu é solitário.
Significado da morte: Cadeias físicas e, materiais.
Acho que a raça humana foi criada pelo sistema agropecuário... Sou capim, não posso reclamar, não tenho direitos... Mudança de tempo, por favor... Deixe-me pensar que isto é só um fragmento, só um fragmento, deixe-me, preciso dormir para ter o poder de acordar. Sonho menos quando estou dormindo.
 “Eu me esparramo por buracos e histórias.”
Eu não quero voltar sozinha.
Eu não quero sozinha voltar.
Eu quero não voltar sozinha.
Quero eu voltar sozinha, não.
Voltar sozinha não quero, eu.
A-B-O-R-T-O
Esse futuro não pode ser meu.
Ventila-a-dor?
E se não tenho o álcool tenho sempre a solidão, ela me procura desesperada  para abrir minha cabeça, distorcer verdades, questionar mentiras, e me fazer delirar em absurdos. Eu sou tão frágil, tão pequena, sumindo... diminuindo... diminuindo... diminuindo... diminuindo... di-mi-nu-in-do... d-i-m-i-n-u-i-n... d-i-m-i-n-u-... dimi... dim... di... d...                  .
É melhor virar de lado e desligar o gravador.

terça-feira, junho 07, 2011

Mortos-vivos mortos-vivos- mortos-vivos.



03:00 minutos.


Corre.



Isto é humanamente impossível.
Começam a cuidar de suas sobrinhas. 
Nossa precariedade cresceu e tomou formas de gente grande.
Tem forma de bosta. Mas bosta tem forma?
Uma forma de ex-pressão.
A cada dia mastigamos mais e mais, ratinhos vasculhando restos na bagaceira após feira pública. Cuidem melhor da forma que nossas sobrinhas podem tomar, porque sofrem na própria carne, as conseqüências delas.
Mulheres fazem as unhas, homens lêem jornais, casais retratam figuras, outros vendem enxovais, e, no meio de tudo, do ruído de todo infernal, há sempre alguém que sonha ser menos infeliz, timidamente, ao abrir e fechar do sinal.
E voam... Sangrando em abundância, merda à dentro.


Tomando distância para um salto maior.
Mancando assim ninguém consegue sair do lugar. 
Não há meio termo. É um desequilíbrio permanente.

“Nos ainda somos o futuro do país?”

Cogitam demais enquanto cuidam das bostinhas, e sentem fome de algo que não podem comer. Eles não querem se enxergar. Nada querem saber de si, por isso se esquivam. Por isso falam tanto em realidades. Tudo no mundo é máquina. Em suplicantes centelhas de gargalhadas concluo, perante os modernos que vagueiam curiosos por seus futuros, que ainda semeia campos em pés descalços.

  Moeda ao poço e desejo ao calabouço mesmo que os bolsos se calem somos todos tão individualistas quanto os espermatozóides. A diferença é que muitos de nós não criamos nada. Mas o repulsar é constante...
   
 Só deve chafurdar nas sobras quem sabe decifrar as formas...
Oremos felizes no triste fim desta corrida por quem feixes de flores fedem
e cobrem o corpo neste lote, nessa desordem: “Fecha logo teu ventre, Pandora”.
Pobre e sem holofotes, pois, o nosso Deus enfim lhes cobram por não compartilhar com Ele suas preciosas sobrinhas...
 
O Homem é a mordida de todas as coisas.


Acabou o tempo.