sexta-feira, dezembro 09, 2011

Não tem nome.











Em uma violenta batida,


o coração se


pre
==
==
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ci
==
==
==
pi
==
==
==
ta. 
Vamos sorrir a sua (...) Cheers!!!








Pipa. Agora eu era o herói.

sexta-feira, novembro 04, 2011

Às favas com tudo.



Em frenesi pela ditadura imposta pelos hormônios, jovens mascarados e bem nutridos invadem as ruas aos milhares, tomando as calçadas e as vias como em coreografia. Um balé de cores, perfumes e estilos, tanto nas vestimentas quanto nas opções sexuais. Belíssimas palavras de ordem saíam dos megafones e eram repetidas em uníssono. Na vanguarda, bandeiras brancas que demonstram o partidarismo ao antipartidarismo brandam vigorosas perante o totem da interrogação causal. Alguns ambulantes se aglomeram ao lado e, ao redor, as pessoas curiosas que estavam à toa na vida param, tiram fotos com seus celulares e muitos prosseguem juntos do grupo que segue recheando as vias públicas, aproveitando o carnaval fora de época.

segunda-feira, outubro 17, 2011

Deitada no divã com Woody Allen.

Respondendo a pergunta do reprodutor de ideias constatei: Tive ilusões retardadas de cores e luzes...
Talvez eu não estivesse tão sóbria para manter contato com Deuses astronautas, em plena nudez. Talvez gostasse de conversar sozinha com seus pensamentos desencarnados.
Cabeça primitiva não consegue nem ao menos dormir, mas conseguiu sonhar acordada com senhor com Mr. Tamborine man que andava jogando a fumaça do cigarro em seu rosto, jogando-a para a outra parte da história de sua modificação letotânica e gritava: “Mova seus pezinhos embarrados por pintora.”  O que aquelas luzes momentâneas causaram por meio de pontas agudas de realidade não tornou o sonho mais real. Sonhava, sonhava e sabia que estava sonhando. Pedia pra que o dono do roteiro prolongasse qualquer esperança dela de que aquilo poderia durar, mas também soube que toda mutação sonhada acaba sendo evolução realizada.
Correu atrás do chapéu do tipo hippie under groove que caiu perto de um cartaz que estava escrito com letras vermelhas: “Procura-se o homem-bala e a mulher canhão”
Lembrou que tinha visto os dois no Teatro montando uma orgia sôfrega. Sôfrega? Mas claro os principais artistas estavam brigados por não terem pintura nem máscaras suficientes para esconder seus rostos.
“Mas que sonho sonhado acordado fantástico.” Repetia freneticamente.
Subindo na vã onde o roteirista dizia: Hora de acabar o acabado.
                                    “Skylab, Skylab, Skylab”
Psicótica, psicótica, psicótica... Lunática, plástica, prática... Humanóide fantástica.
E nesse sonho teve até espaço para o cara com que troquei gametas, lembramos de nosso universo incompreendido e lhe via através de flashes, câmeras com zoom, círculos, músicas, eu lembro que sempre gostamos  dos efeitos de brilhos do amor, agora eu virei essas nossas luzes para a metragem da memória.
Preciso conhecer moléculas de urânio, preciso voltar e cantar mais uma música com o senhor Major Tom, preciso colocar aquelas mobílias velhas pra fora, preciso aprender a falar francês, preciso parar de rir sozinha, preciso parar de ouvir Júpiter enquanto durmo.
Aonde foi parar aquela menina que gritava tão alto capaz de acorda a si mesma?
Silêncio... Escute o som do teu envolvimento íntimo com peças raras. Não chore por seus mortos, menina-flor, desperdiçaram-te miseravelmente e agora é hora da realidade, o ser, então, vai vir amar e o amar vai vir a ser, então. Fantasmas abandonaram seu quarto, estimulam agora risadinhas, você ainda é jovem, continue em suas viagens... Pendure-se como se fosse uma estrela, acabe com a Ilusão de correr, mas não sair do lugar... Melhor tirar os pés da esteira e colocar na grama. “Let's talk about movies.” Perca-se numa bruma de álcool e numa idade média delicada. 
ACORDE!
                 And I'm floating in the most peculiar way...

quinta-feira, junho 16, 2011

Na caixa-preta da alma, uma fita antiga, mas audível.


Tenho 18 anos... Na verdade...
Tenho 18 anos de carcaça.
Mas a minha consciência tem mais de dois milhões de anos.
Dizem que a solidão enlouquece...
Dizem que a solidão enlouquece, mas a sua sanidade, na verdade, só vai estar em jogo a partir do momento que você não é mais sozinho.
A minha vida eu sinto sabe... Não sinto nem como se ela fosse... Mas...
É como se eu vivesse uma promessa de dedos cruzados... Parece que está acontecendo, mas nunca acontece. Acho que a solidão não passa de uma sobreposição de todas as suas camadas em um único momento, todas as suas agonias, todas as suas verdades, todas as suas vontades, elas se encaixam em um único espaço do tempo. E então você enxerga que desde que você nasceu é solitário.
Significado da morte: Cadeias físicas e, materiais.
Acho que a raça humana foi criada pelo sistema agropecuário... Sou capim, não posso reclamar, não tenho direitos... Mudança de tempo, por favor... Deixe-me pensar que isto é só um fragmento, só um fragmento, deixe-me, preciso dormir para ter o poder de acordar. Sonho menos quando estou dormindo.
 “Eu me esparramo por buracos e histórias.”
Eu não quero voltar sozinha.
Eu não quero sozinha voltar.
Eu quero não voltar sozinha.
Quero eu voltar sozinha, não.
Voltar sozinha não quero, eu.
A-B-O-R-T-O
Esse futuro não pode ser meu.
Ventila-a-dor?
E se não tenho o álcool tenho sempre a solidão, ela me procura desesperada  para abrir minha cabeça, distorcer verdades, questionar mentiras, e me fazer delirar em absurdos. Eu sou tão frágil, tão pequena, sumindo... diminuindo... diminuindo... diminuindo... diminuindo... di-mi-nu-in-do... d-i-m-i-n-u-i-n... d-i-m-i-n-u-... dimi... dim... di... d...                  .
É melhor virar de lado e desligar o gravador.

terça-feira, junho 07, 2011

Mortos-vivos mortos-vivos- mortos-vivos.



03:00 minutos.


Corre.



Isto é humanamente impossível.
Começam a cuidar de suas sobrinhas. 
Nossa precariedade cresceu e tomou formas de gente grande.
Tem forma de bosta. Mas bosta tem forma?
Uma forma de ex-pressão.
A cada dia mastigamos mais e mais, ratinhos vasculhando restos na bagaceira após feira pública. Cuidem melhor da forma que nossas sobrinhas podem tomar, porque sofrem na própria carne, as conseqüências delas.
Mulheres fazem as unhas, homens lêem jornais, casais retratam figuras, outros vendem enxovais, e, no meio de tudo, do ruído de todo infernal, há sempre alguém que sonha ser menos infeliz, timidamente, ao abrir e fechar do sinal.
E voam... Sangrando em abundância, merda à dentro.


Tomando distância para um salto maior.
Mancando assim ninguém consegue sair do lugar. 
Não há meio termo. É um desequilíbrio permanente.

“Nos ainda somos o futuro do país?”

Cogitam demais enquanto cuidam das bostinhas, e sentem fome de algo que não podem comer. Eles não querem se enxergar. Nada querem saber de si, por isso se esquivam. Por isso falam tanto em realidades. Tudo no mundo é máquina. Em suplicantes centelhas de gargalhadas concluo, perante os modernos que vagueiam curiosos por seus futuros, que ainda semeia campos em pés descalços.

  Moeda ao poço e desejo ao calabouço mesmo que os bolsos se calem somos todos tão individualistas quanto os espermatozóides. A diferença é que muitos de nós não criamos nada. Mas o repulsar é constante...
   
 Só deve chafurdar nas sobras quem sabe decifrar as formas...
Oremos felizes no triste fim desta corrida por quem feixes de flores fedem
e cobrem o corpo neste lote, nessa desordem: “Fecha logo teu ventre, Pandora”.
Pobre e sem holofotes, pois, o nosso Deus enfim lhes cobram por não compartilhar com Ele suas preciosas sobrinhas...
 
O Homem é a mordida de todas as coisas.


Acabou o tempo. 

quarta-feira, maio 04, 2011

Ato primário


Ele sai do banheiro equilibrando o peso de seu objeto identificado causador de belos males, rufem os tambores, senhoras e senhores, meu leitor querido a cena é a mesma de anteontem. Olha a simetria descombinada. A mulher pensa enquanto o homem caminha em sua direção. Lingerie apropriado para ocasiões, abajur meia luz, palpita o coração e lá está ela deitada.
Mulher templo divino, e começa a jornada. Um-contra-um-igual-a-poucos. Ele deita sobre a mulher que sorri envaidecida. - Obrigada. Este homem é meu.
A mulher se movimenta destorcendo formas, sorrisos, de lado, de cabeça pra baixo, escoando pelo ladrão.
- Olhe para mim, mulher. Isso, mulher, você acertou. Aplausos para a mulher que, após tanto treinamento, finalmente conseguiu engolir.
Um sobe e desce, entra e sai e nada de música porque música vicia. Gire os quadris, mulher, isso. A mulher se arrebenta de raiva quando ouve pronome demonstrativo empregado em tão simples contexto. É demonstrativo ou interjeição a comando de voz? Vamos, amor.  Amor?
A mulher conspira contra palavra.
- Desde quando sou amor?
 Ele não pode chegar antes de mim, não... NÃO. Ele não pode mais ser meu amor. Nunca poderá ser... Respira forte no ouvido dele que já nem sente mais seu corpo. Tanto fogo para pouca palha.
-De quatro agora, meu bem. Vamos. Rema remador.
A mulher lembra-se de ter esquecido de comprar panos para suas mangas. 
E agora o homem é bailarino. O que é isso que ele está fazendo? O homem agita o corpo de forma que a mulher não sabe se chora ou se tenta ajudar o marinheiro a retirar a âncora presa ao chão. Uma posição eclética. Homem sábio é aquele que fomenta algo e responde com decisão. Um golpe de esquerda, um de direita, chave de braço, depressa, mulher, estou quase lá.
Lá aonde?
Irá o homem descobrir o segredo do universo? A mulher conseguirá abrir as pernas sem rasgar-se feito papel? O homem realmente foi à lua ou terá sido montagem para enganar a população? A mulher está rubra de tão descascada. Uma flor. Esfolada, mal passada e, feminina, consegue arrancar gemidos de seu apicultor.
- Mulher, tente outra posição. Vamos. Não quero ainda, amor.
Ele está romântico. É uma benção. 57 minutos de vai e vem, esconde e mostra, morde e assopra e ela está contente porque, de tão cansada de quebrar a lei da gravidade, decide usar a manobra final. 
Ela sabe que ele não se manterá firme. Planejada a vencer, ela sabe os caminhos para o precipício. A mulher beija o homem apaixonada, diz tudo falando nada, e cede o corpo acelerado e úmido em sua última tentativa de vitória. E o juiz apita o final da partida, senhoras e senhores. O homem ejaculou feito louco, rosnou feito cachorro e tombou seu corpo ao lado dela. E, dias depois, o mesmo homem arruma as malas e vai embora dizendo que precisa de mais espaço, de mais vida, de alguém que o ajude, de alguém que se mostre mais companheira. ELA sofre seus lamentos. Chora por alguns dias, conhece outro homem na fila do caixa eletrônico, namora fruta vaidosa, se afoba romântica e segue sua rotina cega... Ela começa a parar de chorar.

sábado, abril 16, 2011

Clepsidra

Abri as janelas à espera de alguma idéia que pudesse seduzir-me.
A noite vestia uma camisola  feita de neblina, me contorcia como se quisesse afastar a solidão que tantas vezes havia me perseguido pela vida.  Fechei os olhos. Segurei-os cá dentro. Talvez se eu nunca mais os abrisse, talvez se eu nunca mais lembrasse, não teria que suportar tanto. Nem viver da esperança de recuperar um tempo que escorre pelas minhas mãos em cascata, e faz da minha pele um rio congelado onde nenhuma nascente deságua. ELA NAO SABE GRITAR.”
Sem ainda levantar os olhos para os teus, para certificar-me de que eras tu e de que me vias, eu disse:Quero que tu tenhas um endereço!”
Foi um tiro em uma alma tão perdida, tão amada, tão frágil, tão suja, tão preciosa, tão viva, tão morta, tão cuspida. E se tentasse tocá-lo, talvez me faltassem os braços.  Quando a loucura me venceu, explorei-o palmo a palmo, receando encontrar por detrás daquela armadura com todas as suas partes soldadas, apenas um esqueleto calcificado. Que nada... Descobri em ti fonte de vida.

Sim, sim...

Continuei, falei, chorei, segurando na palma da mão as maiores frustrações de alguém que ama e, quer morrer amando aquilo. Queria palavras.
“Escolhe a rua, a casa, e quem vai lavar teus lençóis sujos de lama.
Porque ando cansada de olhar teus olhos e ver ela, de segurar suas mãos e sentir o quão doce e afetuosa ela é, e como os cabelos dela são macios, estou cansada de te sujar de batom e você sempre voltar com a roupa limpa, estou cansada de ficar sempre na próxima estação te esperando com o vestido azul que já está velho e desbotado.”
                                                                                  Mazela...
                          Ciclo...

                                         “Parindo um adeus.”

Da varanda de meus olhos frios, um desconhecido busca um amor irrefletido. Entregue às eucaristias de afetos passageiros, entre confidências e promessas que jamais se cumpririam.
Viestes e fostes, mas não sem antes compreender que a única maneira de vencer a minha porta, seria derrubá-la. Limpastes a ferida negra e sem fundo com toda calma. Ficastes... Quando todas as outras pessoas teriam fugido apavoradas. Fugiu. Nunca saberei se para sempre ou por um tempo. Mas naquele momento, tua presença me bastava. Era isso o que amávamos. Os obstáculos.
Queria respirar pelos teus pulmões, mas, por favor, não o oxigênio dela. Porque aqui dentro vira carbono. Rodopiávamos nos ares como um furacão bíblico entre catástrofes sobrenaturais e ameaças nucleares. Nas horas em que conjecturava se o mundo não estaria acabando, muitas vezes parava para pensar se o encontraria no toque de um estranho. Ledo engano. Sempre que outro alguém me procurava os lábios, lia neles uma sílaba indecifrável, pecando pelo excesso de verbos no passado. 
Eu ia me desperdiçando entre suores e salivas que não me pertenciam sempre olhando para a hora de ir embora, como se dela eu fosse a senhora.
E não me venha com exageros nem vitimismo, pois estou aqui defendendo e te mostrando friamente minhas dores, pouco me importa o resto, as comparações ou os complementos, “O papel do divórcio está aqui e eu não vou aceitar dividir os bens.”

Minha porta foi trancada, logo eu que gostava tanto de olhar o mar nos fins de tarde... Foram expulsos daqui todos os seres que viviam/moravam ao lado da minha alma atormentada, melhor dizendo: As que se perderam por entre os cômodos.
Toma, aí está à chave...
Olha! É a chave que você tanto me pediu.
Estou balançando! Consegue escutar o barulho que ela faz? Consegue? Ou entra, ou deixa na alcova, não... Se quiser também pode deixar debaixo do tapete eu sempre faço isso pra que você entre em casa quando não estou, só não fique aí me olhando, vai ver um corpo marcado, um rosto velho, pálido e enrugado. Fosse esta porta trancada e não simplesmente encostada, à espera que você sempre empurre. Olha aqui minhas mãos, a perca não me dói, o que dói é o que antecede. Ir embora é ação, não quero mais ser um corpo possuído e tomado pelas dores. Ao virar a esquina, vou dar uma última olhada nesse céu cinzento, como se eu pudesse dobrá-lo com todo cuidado para não amarrotar esse amor que eu estava deixando. Era tão bonito que Adônis e Eros poderiam sentir inveja.
Meu querido, não fale de faltas nem de dúvidas, você deixou sua amada entrar em meu quarto todas às madrugadas sempre arrancando choros meus... Não consigo mais rir de seus alardes, mas se você resolver partir não te preocupe com o “nós” vai ser eu lá e você aqui... Continue dançando e jogando nossos verbos aos ventos, porque ir embora não é morrer. E por aqui deixarei meus versos cabe a você, meu anjo torto, os gritar.
Crio agora coragem e solto os laços, se quiser voltar e dar mais nós... O vento pode levar a fita e você pode amarrá-la em outro pulso, faça o que te faz bem, pois eu o amo tanto... Eu... Eu... Tanto... Que renuncio o meu amor para que você possa voar. Ao menos assim, vou poder voltar com a pose da bela atriz do filme antigo, e ir ao encontro de alguma outra alma. Não faz tempo que você foi embora e ainda sinto uma saudade alucinada de nós. Mas aqui me sinto leve, sem os meus pesos mortos, que lá me fazem andar cansada, vou flutuar feito pena: suave, procurando alguém que me pegue e me sopre pra longe. Daqui ainda ouço um zunido interminável que disfarça os sons de solidão que me perturbam. Mais uma noite em claro vem vindo e agora, deixando de vivê-lo para apenas imaginá-lo. Como se quisesse memorizá-lo entre os dedos, escrevo.


                        “Faz um tempo eu quis, fazer uma canção, pra você viver mais...”

segunda-feira, abril 11, 2011

Mísero (Mentira Social)

Pés.
Abri as janelas à espera de alguma idéia que pudesse seduzir-me, e lembrei-me do dia em que o encontrei na cidade, deserta, conforto... Até parecia uma puta desprezível e mal-encarada me esperando na esquina.
Ele tinha dificuldades para respirar, mas começou a me sufocar. Para escrever preciso de uma folha de papel, ousadia, ou talvez eu me parta ao meio em covardia para medir forças...Ora de jogar dados.

- Não sou fidalgo, sou de outro algo.
Plangente palhaço sem riso, sem brilho e remota cidade sem civilização. Perco o passo a saltar entre as vielas de curioso que trago entre tantas cenas o meu olhar inquisidor. Minhas botas estão imundas... De lavar é à hora. De gozar é a tara. 
A cidade à noite vazia é muito mais sedutora. Comprei, pintei, tranquei, escrevi, mostrei, guardei, filmei e, foi tão confortável. O mundo não me cala e as senhoras de enormes olhares não me amedrontam, tem vezes que preciso gritar, não tenho medo de gritar, GRITO, esmurro, gargalho.
“Sou sádico como, o senhor.”
Eu as afasto com meu nobre erotismo porque de meu caminho arranco todas as culpas e fardo algum trago comigo. E todos verbalizam suas soluções como se fora eu um fantoche posto para recriação. Renego todos que me tocam porque crio minhas curas, minhas denúncias e medo só existem se houver outro ser ao meu lado porque me divirto estando só. Pescador de rede tamanha de todos os peixes e, de todos os mares, sou herói. E Dalila me traiu, burra mulher.
E de quimeras é feita a vida assim como o pedestal de onde ergo minha fonte em todo o horizonte e minhas ilhas não são vistas a olho nu. Engraçado é esse traço de invenção que me fora dado. Embora fantoche me denominem as vozes humanas, liberta está minha primeira condição.
Viver de cara livre ao modo de ser triste escrevendo críticas e fazendo crescente minha criação. Sem mim não há mundo e carrego entre as palavras a prova de meu talento que é único, singular e adjetivo. Vadios são os outros.
Eu sou protegido e recrio o que do lixo que se esvai. Na verdade, invento misérias para alegrar a triste sorte dos ingênuos e a vergonhosa malícia dos mortais.
Não sou fidalgo. É fato.
Sou trapo rasgado e remendado arfando vento a caçar buracos e de alma despudorada prometo causar desgraça aos que muito falam e da vida sabem nada.

"Sou um homem porque erro" 

terça-feira, março 15, 2011

São mediterrâneos quaisquer olhos como os meus.

Havia uma falta de direitos naquele inferno e nas tuas mãos enquanto me roubavas,
e me roubaste conto por conto, teus lábios soltos, gelados, amargos, naquela 
 ocasião me espreitava os pés, eu dei-te tudo, e já não tinha nada antes de dar-te.
Olhava-me com certo horror não sabia que sou essa coisa descontinuada e morta,
afixada nas pontas dos dedos com a barriga tocando o vão, ontem os arredores de minha alma
interrogavam-me sobre as partilhas se eram de boas idas.

Nota: Tratava-se do meu corpo quando me alertaram das dores?
 Desculpe-me, eu estava sonhando.

- Conta logo anjo! Conta logo!

 Contei-te tudo estrela, tudo. Teus dedos suplicantes em meu pescoço enraizados, machucando a carne, o sangue que te nutria agora estava causando-me dores.


- Vai anjo, conta!

Deixava uma saliva escapar com muito custo, perturbada
fechei meus olhos por puro extinto. (tola, de um olho aberto, lábios soltos, rosto rígido, enlaçada contra a parede por olhos aturdidos, loucos.)
Chegaste afobado a esses odores de correria, chegaste sem pai nem mãe sem vergonha na cara suja, cravaste a mão dormente em minha boca.

- Conta louca! Conta!

Nota: Tratava-se do meu corpo?
Não me interrogaram a tempo, eu disse que aceitava ser feliz!
Pensava que os arredores de minha alma se comportariam e que meus músculos suportariam minhas pernas.

Cuidado! Tem um pedaço do meu corpo aí. “Boa noite”

Os lábios me cuspiam sem querer, contei-te tudo enquanto 
nessa ocasião me matava com palavras.
Contei que eu não valia nada e que eu hei de quedar aos céus indeparáveis, já onde ergueu-se tua morada à sucção de entornados tijolos teus, sem barro, sem mãos pecadoras neles, pois os únicos pecadores aqui somos nós.
Contei-te tudo “os meus olhos dos teus adormecem”.
Contei-te tudo pelos tubos, pelas artérias, pelas unhas, pelos pés, pelo cuspe nasci/cresci/morri.

Estou gorda de tua alma que entra e dorme, e grita-me a emagrecer-me.

-Contei-te tudo, estrela.

segunda-feira, março 07, 2011

Sen/horas e sem dores. - Cinco e quinze.

      

       Palavras choradas em prantos escuros e sombras deixadas em versos noturnos, tanto amor abandonado pela noite, tanto desgosto sadio e doente. Palavras que choraram no meu ombro, e esse amor que abriu tantas feridas perdidas no corpo desta alma pisada feita pó.
       Tanto sentimento que doía como dor de doença, tanto sentimento que não cabia
nem em versos, nem num poema. Sentimento entre muros abrigado dessas tuas palavras caladas, desse teu silêncio obsceno... De um olhar como veneno, sentimento apagado entre tanto silêncio, entre o escrito e o não dito.

 Amava... 
Pobre de minha alma que sonha e ama.
        Tantas ilusões que matou o seu coração. E meu querido, você em outros olhos chorou, em outra alma andou abrigando-se. Outra alma consumiu. E outra palavra destruiu para lhe ceder, a quem esse amor não queria obedecer. Corri de sua retórica alucinógena! De seus desejos trágicos e não seria eu a lhe presentear com o suicídio, a culpa é de tua sombra que não sabe onde encontra as asas mais protetoras... Corri e fui a nossa casa. Olhei se a caixinha de música que tu me destes no dia do nosso aniversário de vida ainda tocava, também corri e fui ver se teu soldado de chumbo ainda andava com esforço.
   
       Teus papéis estavam todos organizados, eu sempre ando arrumando... O chão estava limpo, mas tu sabes que não vou limpar meus pés antes de deitar na sua cama, olhava o laço no chão e segui na certeza de que apenas existiria; pois a vida foi tirada de mim... Vieram e arrancaram minh'alma...  O vazio tenebroso daquele penoso momento trazia para meu ser um sombrio silêncio, que me tornava um ser de semblante sepulcral; e sabia ser vazia sua companhia por tempo indeterminado...
   Lembrei da nossa noite anterior, foi uma noite ordinária esse nosso encontro. Dormimos e conversamos coisas que nem lembro e não precisava lembrar. É que dormimos respirando um o ar do outro. Depois do jantar, em sua casa, leu Saramago. Leu como acadêmico, sem lascívia nem dor existencial. Melhorou quando você parou de se atrever e colocou um CD dos Los Hermanos. Malditos apaixonados sem compromissos.

  Verde.
 Vermelho
 Preto.

 Azul.

    Vermelho.

  Preto.

       
Eu amo suas tonalidades, mesmo triste, mesmo preto e branco porque pra mim você sempre tem cor, ocupado e completo o gentil mentiroso. A teus pés me comporto, tenho fé em reticências e estreitas ligações, maligno é ser objeto indireto. O amor salta aos trampolins, mas amor não é tiro de festim. Mulher de graça, Ave Maria descalça, relógios se exibem aos falsetes das horas que engolem nossos dias. Vejo que na sua escrivaninha tem um novo relógio jogado, por que você vive comprando relógios? É pra ver qual seria o melhor modelo para pulsar o tempo? Ou a melhor hora de ir embora?
Relógios à prova d’água, relógios dourados, relógios caros, relógios baratos. Relógios e relógios e mais relógios. Parecia que no mundo só havia relógios. Tentei persuadir-lo a investir seu dinheiro em algo rentável que pudesse ser dele por muito tempo. Vejo que ele tem seu relógio pulsando tempo, dizendo horas, ditando obrigações e histórias. Quanto a mim, não uso relógio. Há séculos percebi que horas fogem de mim. Cansei de agarrar tempo que não me pertence. Porque é fugitivo. Pode rir... Tudo o que está por dizer escrevo.
     Você fala de silêncios enquanto de ti faço poemas. Podes bater com a porta quando saíres?
Não digas palavra nenhuma, sai no silêncio em que entraste não queiras desprender as amarras, não esqueça que de carne sou, que olhos tenho, e no corpo sinto as marcas de nossas noites febris. Cuidado. Eu enxergo por detrás da máscara, senta. Trapaça esse modo sonso de me querer correndo, tenho aclives e declives, não sei rezar, não sei te pedir pra ficar. Teu amor deita comigo e desperto em vão, fica aqui até eu dormir? Tem urgência o grito que acorda com fome, vem. Você é cego, criatura? Não espere por meus verbos e substantivos, olhe minhas mãos, meus olhos fechados olhando pra você, eu ando arrumando teus livros, fazendo tua comida, guardando teus restos, afinando teu violino, escrevo saciada de abundância, desnutrida por excesso.

    Escrevo-te desejada de ti, plantada aos teus pés, escreva-me embriagado de mim. Tenho que manter a calma, pois eu nasci sabendo voar, (GRITANDO): Tu não podes me prender, homem! Eu estou irremediavelmente morta e entregue, e ele, já sem olhos para ver, pensando que me alimenta e eu imaginando que o conduzo, findou-se o infinitivo dos verbos homem, e é tão teu meu coração aflito e manso. Agora  estou aqui em nossa casa te esperando, preciso de você aqui escutando músicas no último volume, quero ter o prazer de rir e te pedir pra que diminua. Tola...  Vejo que você vai levar consigo as horas e eu vou permanecer só, esboçando meu ingênuo sorriso.


                                                     Sen/horas e sem dores.

                                                                                                                                     “Caberá ao nosso amor o que há de vir”

sábado, fevereiro 19, 2011

Para aquela que acena com o lenço.


Era tarde.

Meus dedos sequer sabiam tocar as mesmas teclas, as mesmas cordas.

Estavam mudos.

Não há música a embalar o desassossego de mim sem você.

E meus ouvidos perderam o tato do amor que se ausentou.

Preservado de nós dois, o silêncio é o sal da redenção.



Decretamos a noite. Decretamos o sangue.

Meus olhos arriscam em te ver mesmo no escuro.


- Apague as velas meu amor, venha, a cama continua arrumada.

Ele não escuta.

Uma canção lança o farol sobre a nossa extensiva paisagem amorosa, e meu olhar te abraça em cada corpo ausente.


Fugitivos de nós dois.
Fugitivos de um futuro.

- Ou vai ou fica, querida.

- Eu vou, ouriço.

Alteramos os dias...
Minha-tua natureza frágil não tem como escapar do medo,
ele nos revela mortos.
Uma melodia romântica é capaz de nos deixar no chão, é capaz de nos fazer dançar. Mas por favor, “Don’t watch me dancing.”

 

- Por favor, menina! Pare de dançar por cima dos meus pés, eles estão doendo.


Tuas mãos tão geladas e aflitas quanto as minhas.

Teimosamente, disfarçadas de nós dois.
Posicionei-o na prateleira.

Você é a minha derrota predileta, mas já é chegada à hora de devolver o troféu.

Não me tome como desalmada, isso não sou!
Tive toda a delicadeza e zelo embora bem cansada, não dei as costas e nem fingi desconhecê-lo.


Dos males o menor, amar em demasia povoa e funda poemas.

É preciso cuidado com o pedido alcançado.

E se o amor se esvair de vez?

O tempo tem me assustado.
O frio tem me levado.

Nem precisa preocupação, piedade muito menos.

Pois você sabe que os calendários apenas imitam o tempo, e o nosso?
O nosso... O nosso... O... Nosso...

Um desconhecido me toma pela cintura.

Trégua:

Para onde fomos que não nos levamos? Para onde vou que não te levo?

Eu uso a poesia para contrariar o tempo!

E você meu bem, por onde se deixou escorrer?

Eu uso as palavras para espantar o eco da tua presença!



“Eu tenho que ir, amor”!

Morrer de vida, viver de morte.