quarta-feira, julho 04, 2012

O embrião do mundo há muito se acostumou com o abandono.

                                            

Uma sujeita segue convicta de não poder encontrar o caminho da vida.
Uma sujeita segue convicta de não poder encontrar o caminho.
Uma sujeita segue convicta de não poder encontrar.
Uma sujeita segue convicta de não poder.
Uma sujeita segue convicta de não.
Uma sujeito segue convicta.
Uma sujeita segue.


A sujeita


parada.


Como não passar pelo dia de hoje e não pensar no incansável?


E o que dizer sobre o invencível?
Rico é quem nunca se olhou no espelho.
Quantas enfermidades podem caber em uma vida?
Quantas vidas podem caber nas minhas enfermidades?
Já não sei se sou o cão ou a dona.
Só sinto sono.
O sofá me engole.
Pelo que querem de mim me desconheço.
Mais tarde vou cochilar embaixo da cama.


Desisti da escrita.
O céu começa no meu abismo.

quinta-feira, maio 31, 2012

Go lightly from the ground.

Eu não sei onde estou.
Eu não sei mais quem sou.
Eu não tenho mais as mesmas vontades.
Eu não sei por que é que faço certas coisas.
Eu não sei onde as minhas memórias foram parar.
Eu não tenho mais educação.
Eu não sei por que estou trancada aqui.
Eu perdi meus sentidos.
Eu morri e nasci 7 vezes nesses três dias.
Eu não sei que vácuo é esse.
Eu não gosto mais daquelas frutas.
Eu vejo flores nos meus olhos e sementes nos meus pés.
Eu não consigo enxergar ninguém na minha árvore.
Eu não gosto de correr.
Eu tenho preguiça de sonhar.
Eu as vezes sou menor que um grão de sal no mar.
Eu não moro mais na mesma casa.
Eu não sei que dia é esse.
Eu não sei no que pensar.
Eu não sei que "eu" é esse.
Eu as vezes sinto dor.
Eu não gosto de falar.
Eu não consigo me mexer. 
Eu acho que ninguém consegue me entender.
Eu morro de medo do escuro.
Eu tenho medo da luz forte me apagar.
Eu não tenho mais músicas prediletas.
Eu não sei mais quando foi que eu realmente nasci.
Eu acho que eu nem nasci. 
Eu não gosto de hipóteses.
Eu não quero ser uma estatística.
Eu tenho medo de morrer. 
Eu tenho medo do meu pesar.
Eu não sei se eu quero conhecer realmente meu íntimo.
Eu não gosto do gosto que o vinho tem e nem dos seus efeitos.
Eu quero vomitar, vomitar, vomitar, vomitar.
Eu não tenho mais ideais políticos, porque todos viraram pó no momento em que eu quis expor.
Eles me disseram que eu não tenho reflexo.
EU ME SINTO TÃO INFERIOR.
Eu não gosto do cheiro do cigarro.
Eu não gosto quando descubro o filme na metade.
Eu não posso mais me esconder.
Eu não sei o que estou falando.
Eu tomei as dores do mundo.
Eu acho que o frio me deixa menor.
Eu não gosto do meu cheiro.
Eu não gosto mais do estrago.
Eu tô com medo da vida que me manda abrir os olhos.
EU ME IMPORTO.
Eu choro.
Eu me incomodo.
Eu as vezes queria me mexer.
Eu queria cuidado.
Eu sou um clichê.
Eu caí.
Eu errei.
Eu ando tão perdida...
Eu não sei mais decidir.
Eu não sei mais se eu sei.
EU NÃO POSSO ACEITAR ESSA CONDIÇÃO!
Eu quero diminuir.
Eu sou fraca. Sim! SOU!
Eu gostaria de presenciar uma mágica.
Eu quero andar com a ponta dos pés.
Eu quero girar e dançar.
Eu quero esquecer de hoje e de amanhã.
Eu quero me esconder de todos os olhares de reprovação.
Eu tenho medo de ser sozinha.
Eu não quero mais atrapalhar o silêncio.
Eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu...





















quinta-feira, março 22, 2012

Vivo! Retornou para casa um navegante perdido.


 Um passarinho manco compõe canções de partidas dera ele subir mais alto e poder gritar:                              
“Eu estava sonhando em você todos esses dias.”
                                      
Via-se diante da poluição de pessoas a sua volta e os cartazes com letras garrafais que o impedia de levantar o bico... Pena que suas asas ainda funcionavam, mas doente somos nós que temos duas pernas e não voamos. Na ação de ser maiores e mais inteligentes resta apenas a dor nas pernas de não poder ser coletada e reciclável... Dera eu poder ser amassada depois posta em venda mais uma vez. 


“Assembleias, multidões! Não te iludas a caminho na alcova do coração cada um vive sozinho”. 

Cospe e pragueja. Feio é se fazer de morto ou apreciar esse vai e vem de gente conformada com a sorte. Ausentar-me foi só um jeito de sobreviver. Como um torcicolo a ferir meus movimentos, ausentar-me foi como dizer “não”. Não, pois a liberdade que faltava eu encontrava todos os dias nos sonhos ou até mesmo fechando os olhos, como é mesmo que se diz? “Living is easy with eyes closed.” Então retirei das farpas e falhas um pedaço da dor mais noir possível. Quebrei, fatiei, rebusquei um novo jeito de me transformar, nada de fênix ou borboleta saindo do casulo. Apenas vida, calma, perene. Ausentar-me assim teve um efeito de perdida bala no tiroteio sem ninguém saber de mim no instante final. Retorno à terra do nunca sem pó de pirlimpimpim, sem bater os sapatos vermelhos, sem asas pra voar ou sombra grudadas na parede. 

Mas é nessa hora do dia que... 

A banda alegre que cega, sem pretensões, sob teus dedos, como se tocasse flautas de bambus num violão. Poderia ser meu funeral, poderia ser feliz. As extremidades de tuas mãos tão coloridas, este delírio, como se saltasse cordas possuindo as notas escritas sobre os dedos. Tua voz rouca. Eu não sei o que fazer ou onde estou.

Estou aqui. 

Sinto que quem volta é alguém que tenha saído de uma penitência, com a ousadia de cumprir o rito de sua particularidade. Partir. Quem volta sobrevoou o nada, quem volta encontrou o coração que um dia gritaram obrigando a achar que nunca teria. Quem volta soube dos dias vazios, sobre meses, sobre os tantos machucados. Às vezes sinto que meus dedos estão dormentes, mas que minha pele continua a mais pura de ser tocada e sinto que não reclamo de sangrar, pois tal cor é notar que tenho lucidez e se ter lucidez for o mesmo que andar sinto que andei o tempo inteiro, “... irmão das coisas fugidias...” minhas chaves agora só abrem uma porta... E sei que não irá querer abrir mais nenhuma... E é nessa porta que encontro o cheiro dos lençóis limpos, os móveis nos devidos lugares, a desorganização que sempre me irrita. Escrevi isso hoje pela manhã atrasada como sempre... Não tem novidade minha. Não tem conclusão é isto e está pronto pra zarpar em um barquinho de papel. Girando e girando na ciranda de mãos 
dadas... 

O mundo inteiro poderia ser um borrão, mas agora voltei e trago um guarda-chuva pra nos proteger. 
“Querida menina de talcos.”