quinta-feira, março 22, 2012

Vivo! Retornou para casa um navegante perdido.


 Um passarinho manco compõe canções de partidas dera ele subir mais alto e poder gritar:                              
“Eu estava sonhando em você todos esses dias.”
                                      
Via-se diante da poluição de pessoas a sua volta e os cartazes com letras garrafais que o impedia de levantar o bico... Pena que suas asas ainda funcionavam, mas doente somos nós que temos duas pernas e não voamos. Na ação de ser maiores e mais inteligentes resta apenas a dor nas pernas de não poder ser coletada e reciclável... Dera eu poder ser amassada depois posta em venda mais uma vez. 


“Assembleias, multidões! Não te iludas a caminho na alcova do coração cada um vive sozinho”. 

Cospe e pragueja. Feio é se fazer de morto ou apreciar esse vai e vem de gente conformada com a sorte. Ausentar-me foi só um jeito de sobreviver. Como um torcicolo a ferir meus movimentos, ausentar-me foi como dizer “não”. Não, pois a liberdade que faltava eu encontrava todos os dias nos sonhos ou até mesmo fechando os olhos, como é mesmo que se diz? “Living is easy with eyes closed.” Então retirei das farpas e falhas um pedaço da dor mais noir possível. Quebrei, fatiei, rebusquei um novo jeito de me transformar, nada de fênix ou borboleta saindo do casulo. Apenas vida, calma, perene. Ausentar-me assim teve um efeito de perdida bala no tiroteio sem ninguém saber de mim no instante final. Retorno à terra do nunca sem pó de pirlimpimpim, sem bater os sapatos vermelhos, sem asas pra voar ou sombra grudadas na parede. 

Mas é nessa hora do dia que... 

A banda alegre que cega, sem pretensões, sob teus dedos, como se tocasse flautas de bambus num violão. Poderia ser meu funeral, poderia ser feliz. As extremidades de tuas mãos tão coloridas, este delírio, como se saltasse cordas possuindo as notas escritas sobre os dedos. Tua voz rouca. Eu não sei o que fazer ou onde estou.

Estou aqui. 

Sinto que quem volta é alguém que tenha saído de uma penitência, com a ousadia de cumprir o rito de sua particularidade. Partir. Quem volta sobrevoou o nada, quem volta encontrou o coração que um dia gritaram obrigando a achar que nunca teria. Quem volta soube dos dias vazios, sobre meses, sobre os tantos machucados. Às vezes sinto que meus dedos estão dormentes, mas que minha pele continua a mais pura de ser tocada e sinto que não reclamo de sangrar, pois tal cor é notar que tenho lucidez e se ter lucidez for o mesmo que andar sinto que andei o tempo inteiro, “... irmão das coisas fugidias...” minhas chaves agora só abrem uma porta... E sei que não irá querer abrir mais nenhuma... E é nessa porta que encontro o cheiro dos lençóis limpos, os móveis nos devidos lugares, a desorganização que sempre me irrita. Escrevi isso hoje pela manhã atrasada como sempre... Não tem novidade minha. Não tem conclusão é isto e está pronto pra zarpar em um barquinho de papel. Girando e girando na ciranda de mãos 
dadas... 

O mundo inteiro poderia ser um borrão, mas agora voltei e trago um guarda-chuva pra nos proteger. 
“Querida menina de talcos.” 

2 comentários:

  1. Viver do surreal não é mais fácil que viver na realidade, pois delirar não e viver é vegetar; viver é sangrar é sentir o que há pra sentir!
    " Não basta existir, é preciso viver. E viver é muito mais que existir." Engraçado que até os mortos querem viver, mesmo que seja por um instante e em outro corpo. Referente à trova retirada do livro trovadores do além.
    Texto muito bom!

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  2. Há um ano conheci uma garotinha muito inteligente e sonhadora que me cativou desde a nossa primeira conversa. Mas, por trás dos seus olhos de caleidoscópio, havia uma tristeza tão grande,pois, ela vivia em agonia.
    Já não dançava mais...
    Ela chorava muito, sufocada pela solidão e sentindo que ninguém neste mundo à compreendia. Procurou no álcool uma rota de escape, mas parecia que nem isso lhe satisfazia inteiramente. Brigou ao defender,categoricamente, suas idéias e opiniões e aprendeu que nem sempre os outros estão prontos para novas formas de pensamento.
    O tempo foi passando e ela foi aprendendo, entre erros e acertos, tristezas e alegrias, que para superarmos nossos problemas só depende de nós mesmos e de pessoas que nos amam verdadeiramente.
    Eu vi o seu tímido sorriso e formiguinhas em seus olhos...
    Hoje a jovem historiadora voltou à dançar alegremente com o jovem psicologo, assistindo aos filmes de Woody Allen e escultando Beatles. Ela sabe que ainda vai enfrentar muitos problemas, mas sei que vai ser forte o suficiente para supera-los.
    Espero que seus mais doces sonhos se tornem realidade e que a agonia jamais retorne.

    "A única coisa tão inevitável quanto a morte é a vida."
    Charles Chaplin

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